O último painel contou com João Pedro Mendonça, Presidente da AMEF, Filipe Froes, Pneumologista e Consultor da Liga Portugal, Nélson Puga, Departamento Médico do FC Porto, Ricardo Antunes, Departamento Médico do SL Benfica e Helena Pires, Diretora Executiva da Liga Portugal.

(Paulo Becker, Coordenador Clínico da Unidade de Saúde e Performance da FPF esteve previsto no painel, mas por razões de força maior, não pôde comparecer; por seu turno, Hélder Dores, cardiologista do Benfica, surgiu no debate).

Helena Pires, Diretora Executiva da Liga Portugal

“Temos o dever de mostrar porque continuamos em atividade”

“Fizeram com que a Liga portuguesa fosse a segunda liga a retomar a competição. O Futebol Profissional soube corresponder às exigências, com mais de 40 mil testes.”

“É um custo enorme para as SD, mas também elas perceberam que era a forma de manter a competição e os seus compromissos.”

“A pandemia é um problema que nos afeta a todos, mas proporcionou a reunião de todos os departamentos médicos dos escalões profissionais, da NOS e SABSEG.”

“Estamos e estaremos sempre na linha da frente, estamos em pressão alta para continuar, os departamentos médicos têm sido exemplares. Sabemos perfeitamente que não podemos continuar a cumprir escrupulosamente o plano de retoma, que foi um sucesso, pelo rigor e exigência demonstrados. Temos este dever e obrigação de demonstrar o porquê de continuarmos em atividade.”

Filipe Froes, Pneumologista e Consultor da Liga Portugal

“Temos de ser ainda mais rigorosos com a nova variante”

“Assente em princípios de coerência e responsabilidade foi possível manter em segurança uma atividade que não transmite para a sociedade, antes tem recebido casos da sociedade.”

“Podemos garantir junto das autoridades, com cidadania, responsabilidade individual e coletiva. Foi uma conduta exemplar. Os próprios clubes estão a fazer testes para além dos que são solicitados.”

“Estamos a jogar dois campeonatos. Futebol e Covid. Todos estão a lutar o adversário comum. Há maior probabilidade de ser infetado do que de ganhar o Euromilhões. A variante VOC 202012/01 transmite-se muito mais, 50 a 60 vezes mais. É uma variante muito mais dominante e se estiver este acréscimo de gravidade, teremos que ser ainda mais rigorosos e profissionais para a combater.”

Nélson Puga, Departamento Médico do FC Porto

“Primeira preocupação é despistar perigo de morte súbita”

“Têm uma paragem forçada de pelo menos dez dias. A nossa primeira preocupação é despistar o risco de morte súbita e determinar se estão aptos para a prática desportiva.”

“Regressámos a 4 de maio, entre perguntas e dúvidas e receios, as respostas demoraram mais de três horas. Ainda no primeiro confinamento, hou algum alívio das medidas, porque alguns jogadores sentiam-se mais protegidos e tiveram de ser chamados à atenção. Há contactos sociais e o risco de se verificar contaminação externa era muito grande. Com Natal e passagem de ano, em dois dias de folga, tudo mudou. Uma ida à terra, uma boleia, com a falsa segurança de ter testado dois dias antes, acabou por fazer as coisas descambar. Também testamos muito mais do que aquilo que é solicitado e agimos por excesso. Uma dor de cabeça ou diarreia é caso de testagem e vigilância.”

“Quanto aos custos, a testagem ficará sempre abaixo da paragem de um atleta.”

Ricardo Antunes, Departamento Médico do SL Benfica

“Testamos muito mais do que nos é pedido”

“Infelizmente estou afetado pelo Covid, mas sinto-me bem. Temos tido alguns casos de algum cansaço, até de fadiga crónica, de complicações cardíacas, mas ainda não temos muitos mais dados. Testamos muito, muito mais do que nos é pedido. A nível interno, mesmo nas outras modalidades, é testado ao décimo dia, mas só são reintegrados, quando negativos, ao 14.º dia.”

“Os testes são feitos à partida para as seleções, é feito na Seleção e volta a ser feito no regresso. Todos deram negativo, nos três momentos, mas aprendemos e há agora um período de cinco dias seguidos (PCR nos dois primeiros e antigénios a seguir)”

Hélder Dores, Cardiologista do Benfica

“Devemos pecar um pouco por excesso”

Miocardite ligeira, por Covid, do David [dos Anjos, jogador do Benfica B]. Pode ficar sem competir num período de três meses, que pode ser extensível por mais tempo. Apesar de ser raro, o que queremos é que não haja casos fatais. Devemos pecar um pouco por excesso. Há sintoma de fadiga crónica, o que pode durar até seis meses, o que é muito tempo para um atleta.”

“Está estável, aqui é mais difícil explicar, do que numa fratura ou rotura. Tem uma estrutura muito sólida à sua volta, não só no clube, mas também familiar. O apoio psicológico é fundamental.”

João Pedro Mendonça, Presidente da AMEF

“Todos sabem o que fazer”

“Todos os departamentos médicos sabem o que fazer e estão a tentar fazê-lo. Receio que nem todos os clubes tenham as condições para fazer tudo o que é necessário.”

“Têm sido feitos testes 48 horas antes de cada jogo. Os jogadores têm estado algo céticos.”

“A saúde dos jogadores na era COVID”

“A saúde dos jogadores na era COVID”