João Carlos Pereira encontra na meditação uma das estratégias de manter a mente sã, algo fundamental nos dias que correm. Tem 54 anos, nasceu em Luanda e viveu uma experiência de 6 anos no Qatar, onde encontrou uma realidade diferente e que o levou a conhecer-se melhor enquanto treinador. São muitos os que defendem que João Carlos Pereira representa muito daquilo que é mística da A. Académica.

Enquanto jogador, João Carlos Pereira esteve no Marinhense, Moreirense e A. Académica, clube ao qual regressou mais tarde como treinador e que sonha devolver aos grandes palcos do futebol português.

Como tem sido lidar com esta situação?

Não tem sido fácil. No entanto, tenho encarado a situação com toda a naturalidade, cumprindo todas as recomendações das autoridades competentes. E o facto de estar no meu lar, junto da minha família, torna tudo muito melhor.

Como tem passado o tempo livre e de que forma o treinador pode rentabilizá-lo da melhor maneira?

O meu quotidiano passa por meditar, fazer exercício físico, trabalhar, partilhar as tarefas domésticas. Na realidade, só reservo algum tempo livre para o serão. Em relação ao meu trabalho, estou naturalmente envolvido no projeto Académica, com reuniões de staff, acompanhamento do trabalho diário dos jogadores, conversas individuais, relatórios, observação e análise de jogos e jogadores, e também faço pesquisa de informação em áreas relacionadas com a minha atividade. Enfim, a rotina de trabalho possível, infelizmente sem a presença no campo, com competição e o contato diário com os jogadores.

Qual é o maior desafio nesta fase?

O maior desafio, dadas as circunstâncias, é ter paciência e manter o foco no trabalho. Temos de manter os jogadores “ligados” ao nosso projeto coletivo de jogo e às necessidades fisiológicas mínimas para o colocar em prática, criando as condições que se exigem relacionadas com a higiene alimentar e os hábitos de treino.

O que tem procurado transmitir aos jogadores da A. Académica?

A mensagem que temos passado aos jogadores tem a ver com o bom senso. Manterem o isolamento social, seguirem os planos de treino, cuidarem de si e dos seus, realizando as práticas de higiene e saúde recomendadas. Além disso, procuramos transmitir uma mensagem de tranquilidade e esperança.

Como gostaria de ver o desfecho do campeonato?

Gostava que as equipas, depois de estarem reunidas as condições para retomar os treinos e a competição, pudessem rapidamente chegar a um patamar de rendimento parecido com o do momento da suspensão, de forma a que o desfecho final da competição não seja desvirtuado. No que toca à nossa equipa, gostava que conseguíssemos ter o mesmo tipo de rendimento/desempenho, pois além de estarmos a jogar muitíssimo bem até à paragem, queremos dar continuidade às vitórias e a fazer com que os jogadores desfrutem das suas performances.

Que coisas boas tira desta quarentena?

Sobretudo a consciencialização e valorização social. Temos mais tempo para a vida familiar, mas ao mesmo tempo falta-nos o esplendor das inter-relações enquanto seres sociais.

Sugestões do mister para esta quarentena?

Que as pessoas respeitem as indicações das autoridades, que aproveitem para se ligar mais à família e, em especial, para investirem na sua evolução pessoal e profissional.

Que conselhos deixa para não deixarmos que a impaciência e a saudade do futebol se apoderem de nós?

Que nos mantenhamos focados no presente, ocupando bem o tempo, pois “depois da tempestade, vem a bonança”.

João Carlos Pereira: “Ter paciência e manter o foco no trabalho”

João Carlos Pereira: “Ter paciência e manter o foco no trabalho”