A sua jornada incluiu ainda passagens pelo Chile (Unión La Calera) e México, onde esteve à frente do Cruz Azul, o último clube que treinou antes de viajar para Portugal. Na última temporada, destacou-se ao alcançar o segundo lugar no Clausura 2023/24 e estabelecer um recorde de pontos no início do Abertura 2024, com uma sequência de 13 vitórias, três empates e apenas uma derrota.

O grupo no centro de tudo

Martín Anselmi é um treinador cuja abordagem ao jogo é influenciada por referências como a irreverência e o trabalho de equipa de Marcelo Bielsa e a posse e gestão de bola de Pep Guardiola. Este último teve um impacto indireto na formação de Anselmi, através de Gabriel Milito, irmão do astro argentino Diego Milito. Gabriel, que jogou sob o comando de Guardiola no FC Barcelona, contou com Anselmi como analista enquanto treinava as reservas do Independiente (Argentina). Outra figura determinante no percurso de Anselmi foi Miguel Ángel Ramírez, treinador que lhe abriu as portas para os grandes palcos. Ramírez, com quem trabalhou como adjunto no Independiente del Valle e no Internacional, reconheceu no jovem técnico argentino as qualidades necessárias para assumir o papel de treinador principal.

Nos últimos anos, Anselmi tem demonstrado ser um técnico camaleónico no plano tático, adaptando-se às características dos seus plantéis. Ainda assim, privilegia sistemas com três centrais, seja um 3-5-2 ou um 3-4-1-2, com as laterais do terreno entregue a um ala, com foco nas movimentações coordenadas em bloco das suas equipas em campo, dando primazia à posse de bola e a um papel disruptivo do guarda-redes, conferindo-lhe protagonismo no primeiro momento de construção e exigindo dele qualidade de jogo com pés.

No entanto, o único elemento definitivo na abordagem de Martín Anselmi é a valorização do coletivo: transformar um grupo de indivíduos numa equipa unida, orientada por um propósito maior e um objetivo comum. Foi a sua reflexão sobre este mesmo conceito, que fez enquanto treinador do Cruz Azul, a despertar atenções.

“Uma equipa significa que um grupo, um conjunto de indivíduos, deixa de ter os seus objetivos pessoais e passa a ter um objetivo muito maior, um propósito, e que opta sempre pelo bem comum. Para ser parte de uma equipa, há uma altura em que vamos ter de fazer coisas que não gostamos de fazer. Isso acontece com todos nós, em qualquer trabalho. Mas quando há um propósito maior e quando os que estão a formar um grupo sentem isso, aí começamos a passar de um grupo para uma equipa. Se me custa levantar cedo, tenho de o fazer, porque, se chego tarde, e há 24 jogadores que estão à minha espera, estou a prejudicar a equipa. Se chega o fim de semana e gosto de beber dez cervejas, tenho de beber uma ou nenhuma, porque, se não me cuido, estou a piorar como indivíduo e estou a piorar a equipa. Se quando treino não compito ao máximo, estou a prejudicar a equipa porque não estou a elevar os limites de quem competir comigo. Quando o indivíduo é melhor, a equipa passa a melhorar o indivíduo”, explicou Anselmi numa conferência que se tornaria viral.

O raio-x a Martín Anselmi: o percurso e a filosofia do novo treinador do FC Porto

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