Comunicação no Futebol e o presente e o futuro do Jornalismo Desportivo em Portugal. Foi sob estas premissas que a Pós-Graduação em Comunicação no Futebol Profissional prosseguiu, esta quarta-feira, no auditório João Aranha, numa sessão cujo pontapé de saída foi dado por Carlos Daniel.

O conceituado jornalista da RTP, com mais de 30 anos de carreira, começou por abordar os princípios pelos quais deve reger-se o jornalismo e a forma como o Futebol influencia o quotidiano do público, descrevendo essa preponderância como a “recuperação semanal da infância”, explicando também os seus reflexos nos adeptos como fenómeno identitário e a repercussão que o desporto-rei adquire nos media.

De seguida, Carlos Daniel promoveu uma conversa com os formandos, que teve por base três conceitos fundamentais: informação, interpretação e opinião. Três planos com dimensões distintas e através dos quais, numa explicação ilustrada com exemplos práticos, ficou comprovado o facto de a análise e o comentário serem divergentes, mas ambos jornalisticamente legítimos.

“Quando é necessário mudar? Antes que seja necessário”, disse Sir Alex Ferguson, antigo treinador escocês, que se celebrizou no comando técnico do Manchester United. Uma frase que foi o ponto de partida para a reflexão seguinte, nomeadamente sobre a relação entre agentes desportivos (dirigentes, treinadores e jogadores), clubes e instituições ligadas ao Futebol, numa análise englobada na forma como os media poderão (ou não) trabalhar essas informações.

Na segunda metade da aula, os formandos tiveram oportunidade de assistir a uma mesa-redonda, também moderada por Carlos Daniel, na qual participaram ainda Alexandre Pereira (Diretor-adjunto de A Bola), Luís Rocha Rodrigues (Diretor de Informação do Zerozero) e Mariana Fernandes (Jornalista do Observador), que falaram sobre o presente e o futuro do Jornalismo Desportivo.

Alexandre Pereira iniciou a sua intervenção, salientando o facto de as redes sociais criarem um “medo excessivo” nas Sociedades Desportivas, nomeadamente no contacto com os jogadores, assim como a “criação crescente dos próprios meios de cada clube e as assessorias de comunicação”, que acabam por ser um entrave ao trabalho jornalístico. Por outro lado, assumiu que a isenção terá sempre de ser a linha orientadora para o presente e futuro da profissão.

Por sua vez, Luís Rocha Rodrigues começou por explicar a evolução que o Zerozero conheceu nos últimos anos, destacando a vertente cada vez mais digital do jornalismo e a necessidade de adaptação às novas tecnologias “para chegar ao maior número de pessoas possível”. “Muito mais do que os números, o que nos pode mover é a reputação. Isso faz com que sejamos vistos de outra forma e que os nossos conteúdos cheguem a pessoas do Futebol e com impacto. O facto de termos uma parceria com a Liga Portugal vai de encontro a essa filosofia de credibilidade”, disse.

Por fim, Mariana Fernandes revelou que “olha com otimismo, mas também com alguma preocupação” para o jornalismo, sublinhando a pouca abertura e as barreiras colocadas pelos clubes nos pedidos efetuados por parte dos Órgãos de Comunicação Social. Para além disso, numa visão alargada, a jornalista do Observador admitiu “a necessidade da existência de mais programas que falem sobre os aspetos técnico-táticos do jogo e não tanto de comentário”, sendo que “a qualidade será sempre o futuro”.

Este é o quinto ano da aposta da Liga Portugal na Pós-Graduação em Comunicação no Futebol Profissional, que resulta de uma parceria entre a Liga Portugal Business School e a Universidade Católica de Braga, num caminho contínuo que, de resto, tem sido pautado pelo sucesso e que terá continuidade durante a época 2023-24.

O Jornalismo Desportivo em debate na Pós-Graduação em Comunicação

O Jornalismo Desportivo em debate na Pós-Graduação em Comunicação