Durante a tarde desta terça-feira prosseguiu a quarta edição da Pós-Graduação em Comunicação no Futebol Profissional.

No auditório João Aranha, houve lugar para uma mesa redonda sobre o jornalismo e os principais desafios no futuro, que contou com a presença de Fernando Eurico, jornalista da Antena 1, António José Leite, jornalista da CNN, numa sessão que contou com a moderação de Ricardo Quaresma, Diretor de Comunicação da Liga Portugal.

“As redações mudaram radicalmente”, começou por dizer Fernando Eurico, que abordou algumas das suas experiência profissionais, onde “tudo era mais aberto”. “Cheguei a fazer várias entrevistas no balneário, assistia aos treinos completos das equipas, falava durante horas com os treinadores no final do treino, era totalmente diferente”, disse o jornalista da Antena 1.

Depois de elogiar os canais de informação dos clubes e os investimentos que fizeram na área da comunicação, Fernando Eurico realçou que não concorda com o termo “jornalismo desportivo”. “Existe, sim, o jornalismo e depois existem várias áreas de especialização”, disse.

Por sua vez, António José Leite afirmou que existem muitos clubes de futebol que só trabalham com um bom telefone e conseguem fazer belíssimos produtos. “Este é o novo paradigma”, realçou o jornalista da CNN.

“Antigamente, era impensável um jornalista receber um conteúdo que já vem tratado. Ou seja, nós usamos aquilo que os clubes querem. Tiraram-nos a capacidade de estar no local, fruto do encurtamento das redações, mas agora dão-nos mais conteúdos para trabalhar”, reforçou António José Leite.

Os novos hábitos de consumo e as diferentes modalidades para além do futebol também foram temas abordados ao longo da conversa.

Na segunda parte da sessão, foi a vez de Carlos Daniel, jornalista da RTP, entrar em cena, invocando uma lenda como César Menotti no seu discurso inicial.

Carlos Daniel abordou os princípios do jornalismo. “A primeira obrigação do jornalismo é a verdade”, disse. Seguiu-se, claro, o futebol, um fenómeno identitário e com muito sentimento de pertença. “O futebol tem uma capacidade inacreditável de transformar adeptos em consumidores e os símbolos clubísticos são uma linguagem – corporizam a ideia de pertença”, destacou o jornalista da RTP.

“O futebol é um desporto com um sucesso planetário e é produto televisivo por excelência. Refletem-se nos maiores sucessos de audiência televisiva”, disse Carlos Daniel, que foi ainda mais longe dizendo que “o futebol é uma das melhores marcas do nosso país”. “Temos a sexta melhor Liga da Europa. Eu questiono-me, se esta indústria não fosse tão espezinhada em que nível estaríamos?”, perguntou Carlos Daniel ao mesmo tempo em que reforçou a existência de “talento verdadeiro no futebol português”.

“Não há nada melhor do que entender o jogo. O único antídoto para sermos capazes de reconhecer qualidade nos jogadores do nosso maior rival é querer entender o jogo”, disse Carlos Daniel.

A notícia não pode ser nunca uma opinião, enquanto a análise (interpretação) e o comentário (opinião) são diferentes, mas ambos jornalisticamente legítimos. Foi com esta base de pensamento que Carlos Daniel começou a interagir com a turma e a responder a várias questões.

A Pós-Graduação resulta de uma parceria entre a Liga Portugal e a Universidade Católica de Braga, sendo uma contínua e ganha aposta na formação do Futebol Profissional.

Tarde em cheio na Pós-Graduação em Comunicação

Tarde em cheio na Pós-Graduação em Comunicação