De forma a aferir os impactos reais da pandemia de COVID-19, nas receitas e gestos, deste primeiro trimestre da época 2020-21, a Liga Portugal realizou um inquérito junto das 34 Sociedades Desportivas que compõem o quadro do Futebol Profissional.

Os resultados comprovam que há um forte impacto, tanto a nível de receitas como de gastos, uma vez que, comparativamente à época 2018-19, registaram-se perdas de 100% na bilhética, 80% em quotas associativas, 70% em receitas de merchandising e ainda uma quebra de 15% nas receitas da atividade comercial.

A estes números, que se revelam preocupantes, acresce ainda o facto de algumas notícias vindas a público darem conta de que a UEFA poderá fazer ajustes económicos à participação das Sociedades Desportivas nas competições internacionais, derivado ao facto de o próprio organismo estar a gerir as suas receitas. A estimativa deste inquérito dá conta da possibilidade de perdas a rondar os 31,2 milhões de euros.

O cenário de quebras de receitas não se fica por aqui, no entanto, tendo em conta que a possibilidade de os detentores dos direitos televisivos virem a resgatar valores é bem real, por não considerarem estar a ser compensados na totalidade das contrapartidas, ou como consequência de uma qualquer decisão que não permita o normal desenrolar das competições. Este cenário representaria uma perda hipotética de aproximadamente 53,6 milhões de euros.

Ora, postos todos estes cenários, as receitas que se cifravam nos 858,3 milhões de euros poderão oscilar entre os 581,4 milhões de euros (caso não se mantenham as verbas dos direitos televisivos e comerciais) e os 496 milhões de euros, implicando perdas significativas entre 276 milhões de euros a 362 milhões de euros, na indústria do Futebol Profissional.

Nota ainda para o facto de, em conjunto com este cenário, os gastos globais das Sociedades Desportivas terem disparado consideravelmente, agravando a preocupação em torno da solvabilidade do sector. Isto porque, derivado ao atual panorama pandémico, surgiram avultadas despesas em testes COVID, desinfeções das instalações, material de proteção e custos com teletrabalho.

Face a este cenário, as Sociedades Desportivas não conseguiram diminuir os gastos na proporção da diminuição das receitas, e têm-se deparado com um enorme desafio de manutenção dos postos de trabalho, com uma redução de apenas 10% nos custos com o pessoal.

Por fim, lançando um olhar à análise de resultados operacionais, verificamos que dados os pressupostos utilizados, o sector poderá de forma cumulativa vir a perder entre 136,4 milhões de euros a 221,2 milhões de euros, valores que poderão ser dramáticos para algumas Sociedades Desportivas e poderão implicar vários anos de recuperação para o Futebol Profissional.

Pode consultar AQUI a análise completa deste estudo.

Perdas no Futebol Profissional podem atingir os 362 milhões de euros

Perdas no Futebol Profissional podem atingir os 362 milhões de euros