Um debate que colocou frente a frente no Arena Stage do Thinking Football Summit 2022. Gonçalo Almeida, advogado, Luís Villas-Boas Pires, Head of Agents FIFA, e Carlos Gonçalves, CEO da ProEleven para debater o futuro dos agentes desportivos.

Luís Villas-Boas Pires, Head of Agents FIFA, começou a intervenção explicando que as novas regras que a FIFA quer implementar para os agentes desportivos visam promover uma maior transparência nos negócios ligados ao futebol, deixando, por exemplo, de ser permitida a representação dupla: “Fim da representação múltipla, o princípio basilar deste objetivo é: um cliente, um agente, para evitar conflitos de interesses, a formação dos agentes e tornar automático o pagamento aos clubes formadores, e que com o tempo irá introduzir o pagamento através da Clearing House também dos montantes das transferências internacionais”.

Sobre as questões dos novos valores propostos de comissão para agentes, Luís Villas-Boas Pires referiu que neste momento “um agente recebe mais do que um clube formador, por isso a FIFA olhou para outros desportos e definiu o valor máximo para as transferências”, em jeito de conclusão.

Ainda sobre este tema, Gonçalo Almeida, advogado, falou da sua experiência. “Desde que aqui estou, existiram avanços e recuos nos regulamentos dos agentes”. “Tive um acidente de percurso tremendo com a implementação dos intermediários em abril de 2015, a própria FIFA reconhece que foi um erro crasso deixar de governar este tema”, destacou.

O advogado considera que “esta medida foi uma desresponsabilização da FIFA de uma atividade que é importante”, e que para si é “gratificante assistir a este regresso ao passado, porque esta evolução é muito positiva. Esta atividade, a partir de 2015, em termos de litígio do contencioso deixou de ter a proteção e salvaguarda da FIFA”.

A Clearing House, que entrou agora em vigor, “é uma iniciativa excelente no controlo das transferências financeiras e que a nova regulamentação dos agentes vai culminar com longas batalhas judiciais”. “O ser humano é avesso à mudança. É importante ouvir todos os intervenientes e é óbvio que os agentes devem ser ouvidos, mas que o futuro se adivinha incerto é um facto”, rematou.

Já Carlos Gonçalves defende que não é possível comparar o futebol de há 20 anos a esta parte, quando iniciou a sua atividade. “Tudo mudou, e parece que para a FIFA o grande problema do futebol são os agentes”, disse. Apesar de se mostrar descontente com as novas medidas da FIFA, Carlos assume ser “totalmente a favor da transparência, mas que a FIFA em relação aos agentes sempre esteve perdida, quis regular, deixou de regular, mas sempre sem ouvir os agentes”.

Por sua vez, o agente acredita que estas novas regras só vão defender os jogadores em patamares mais altos, e que o objetivo é acabar com os agentes, estrangulando-os, algo que para Carlos Gonçalves vai prestar um mau serviço aos adeptos, porque vai fazer com que os jogadores não sejam acompanhados depois do negócio”. “Gostava que se ouvissem os agentes, porque seria bom para o futebol para todos o máximo de transparência pessoas credíveis a trabalhar na área do futebol”, concluiu.

Futuro dos agentes desportivos em debate

Futuro dos agentes desportivos em debate