Pedro Proença concedeu ao jornal Expresso a primeira entrevista desde a tomada de posse para o seu terceiro mandato consecutivo à frente da presidência da Liga Portugal, abordando temas cruciais para o Futebol Profissional, como a disparidade nos custos de contexto em relação aos concorrentes diretos na Europa.

“O tema dos custos de contexto que o futebol português vive quando, ao nível da competitividade, tem que discutir nas competições internacionais com a Serie A, com a Bundesliga, com a Premier League ou com a La Liga, tem de ser discutido. Temos neste momento uma carga fiscal única, que não existe paralelo, e, portanto, obviamente que estes custos de contexto nos reduzem”, referiu Pedro Proença, apontando de seguida:

“Ao nível do IRC, as sociedades desportivas pagam aquilo que não se paga lá fora. As apostas desportivas e a chave de repartição, tal qual ela é feita em Portugal, não faz chegar aos clubes do futebol profissional aquilo que deveria ser um valor que, efetivamente, deveriam receber. Tivemos uma última alteração, felizmente, no Regime Jurídico de Acidentes de Trabalho, que era uma realidade única que existia em Portugal, e que os clubes em Portugal pagavam cerca de 25 milhões de euros, só existia paralelo na Bélgica. Ainda temos alguma expectativa que no Orçamento do Estado possam ser contempladas algumas das medidas que nós suscitámos. O tema, por exemplo, do IVA na bilhética, que neste momento penaliza altamente quando nós queremos que as famílias possam retornar e regressar aos estádios, fazendo com que o futebol seja um espetáculo aparentemente caro.”

Tal como abordado na recente Cimeira de Presidentes, realizada em Coimbra, Pedro Proença deu ainda o exemplo sobre o fim do programa Regressar, “que permitia fazer com que jogadores, em final de carreira, pudessem regressar ao futebol português”.

“E a verdade é que temos uma dificuldade imensa em fazer retenção de talento. Os jogadores têm uma carga fiscal em Portugal única e, portanto, procuram outros países, outras realidades geográficas, para poderem ganhar mais dinheiro. Isto é natural. Esta incapacidade de fazer retenção de talento, de criar condições aos clubes, depois, obviamente, tem estes resultados, em termos daquilo que é o desempenho internacional. Temos esperança. É evidente que estas são as questões económico-financeiras, mas a verdade é que a última alteração que a UEFA fez naquilo que foi a pontuação que se atribuiu a quem estava na Champions versus quem estava na Conference League fez com que o futebol português descesse para o lugar que está hoje. Porque a verdade é que nós, nomeadamente os clubes denominados maiores, têm tido performances na Champions únicas. Pelo terceiro ano consecutivo, tivemos três equipas na fase regular da Champions, coisa que não acontecia antigamente. A verdade é que a pontuação, tal qual ela hoje existe, penaliza os clubes que estão na Conferência League. Quem fez esta alteração não percebeu que países como nós, que somos ligas médias, iriam ser altamente penalizados nesse sistema”, salientou.

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“Temos uma carga fiscal única, que reduz a nossa competitividade”

“Temos uma carga fiscal única, que reduz a nossa competitividade”