A Liga Portugal e a Associação Portuguesa de Defesa do Adepto (APDA), em colaboração com a Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD), promoveram uma workshop sobre a “Importância do Oficial de Ligação aos Adeptos”, na qual estiveram presentes os Oficiais de Ligação aos Adeptos (OLA) de diversas Sociedades Desportivas que competem nas competições profissionais.

Roberto Domingues, Diretor de Segurança da Liga Portugal, deu o pontapé de saída na reunião, que contou também com Martha Gens, Presidente da APDA, Ângelo Sá e Miguel Bondoso, membros da entidade, assim como de Paulo Fontes, Diretor do Departamento de Segurança dos Eventos Desportivos da APCVD, que revelou que este workshop é mais uma medida no seguimento da colaboração que tem havido com a Liga Portugal.

Martha Gens abriu a intervenção referindo o quão importantes são os adeptos no futebol, assim como a sua presença nos estádios e na vida ativa dos clubes, e que os mesmos não apenas ser vistos como leais consumidores, exemplificando com as bancadas vazias, durante o período COVID, ou com a Superliga Europeia, que graças ao movimento de adeptos espalhados pela Europa fora, acabou por ver a sua criação travada.

A Presidente da APDA prosseguiu com uma curta apresentação sobre os OLA, desde a sua criação, em 1989, no Borussia Mönchengladbach, com o papel de combater o hooliganismo existente em território alemão, até à criação do Manual do Oficial de Ligação do Adepto da UEFA, por parte deste organismo, cuja publicação remonta a 2011. A aproximação dos adeptos aos respetivos clubes, como parceiros mais sérios e responsáveis, foi o objetivo principal.

Este é um conceito resultante do Artigo 35º do Regulamento de Licenciamento de Clubes e Fair Play Financeiro da UEFA de 2010 e exigiu que todos os clubes participantes nas competições europeias (Liga dos Campeões da UEFA e Liga Europa) tivessem um OLA nomeado a partir de 2012-13, como explicou Ângelo Sá.

O conceito de OLA trata-se nada mais do que o responsável que ligará os adeptos aos seus clubes, protegendo e acolhendo-os, sendo parte integrante e com contribuição clara naquilo que é o aumento da qualidade das experiências de todos os adeptos. O trabalho entre clubes, forças de segurança e adeptos fica, assim, facilitado, tendo uma figura responsável por fazer a ligação entre todos.

Desde informações sobre o evento, ao local e a hora de entrada nos estádios visitantes, até ao tipo de material que os grupos organizados de adeptos podem transportar para os diversos estádios, assim como necessidades para adeptos de mobilidade reduzida, entre muitos mais exemplos, tudo isto é informação que os OLA devem partilhar e que, com base na comunicação entre entidades, podem garantir uma maior hospitalidade de quem os recebe e evitar diversos problemas no dia de jogo, garantido um maior bem-estar, que trará maior confiança e resultará num ambiente menos propenso à existência de problemas.

De seguida, Paulo Fontes abordou a evolução do modelo europeu de segurança dos espetáculos desportivos, desde a luta contra a violência à melhoria das condições estruturais de segurança dos estádios e ao desenvolvimento de conceitos de integração e diálogo com os adeptos, fazendo uma reflexão sobre o contexto em que se encontra Portugal.

Também os modelos regulatórios, que determinam que tipo de materiais podem ou não entrar nos recintos desportivos ou as restrições diferentes entre Zonas com Condições Especiais de Acesso e Permanência de Adeptos (ZCEAP) e restante estádio, foram referidos pelo Diretor do Departamento de Segurança dos Eventos Desportivos da APCVD.

Paulo Fontes abordou ainda o facto da responsabilidade pela segurança e proteção dos espectadores ser, em primeira mão, do promotor do espetáculo desportivo, sendo que as forças de segurança fiscalizam o cumprimento do disposto na lei. O trabalho em equipa entre ambas as entidades resultam numa maior proteção e, consequentemente, em maior segurança dos adeptos.

Também Sara Marques, da Equipa de Prevenção, Educação e Serviço da APCVD, tomou a palavra, abordando o papel da hospitalidade virada para os adeptos nos eventos desportivos, com vista à criação de um clima de festa e de um ambiente bom e sociável, tendo como exemplos questionários a diversos visitantes durante o Euro 2004, em Portugal, uma competição que trouxe muita aprendizagem. “Os adeptos não são clientes, mas reagem de forma positiva ao serem tratados como tal”, citou Sara.

Tocando na convenção de Saint-Denis, cujos três pilares se baseiam no serviço, proteção e segurança, defendeu que estes não podem ser considerados individualmente, demonstrando que com equilíbrio nos diversos serviços de cada pilar se melhorará a experiência de cada um. “Os adeptos querem muito mais do que assistir a um jogo de futebol, querem viver uma experiência completa e, cada vez mais, uma experiência personalizada”, concluiu.

Este workshop contou, ainda, com a presença de um convidado especial: Marc Francis, OLA do Eintracht Frankfurt (Alemanha) há cerca de 16 anos e que abordou a sua experiência pessoal no futebol alemão, nomeadamente na final europeia vivida pelo clube (Liga Europa da UEFA) na época desportiva passada.

Liga Portugal, APCVD e APDA juntos em Workshop

Liga Portugal, APCVD e APDA juntos em Workshop