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Daúto Faquirá: “Importante a notícia de que os campeonatos vão chegar ao fim”

Liga Portugal | 06/04/2020
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Tem aproveitado para cozinhar e ver séries, mas não desliga completamente do Futebol. Daúto Faquirá reúne algumas vezes com o Presidente do SC Covilhã e com os jogadores, com quem trabalha em grupo… de forma diferente. “Temos combatido distância com treinos virtuais”, diz

Aos 54 anos, Daúto Faquirá voltou a abraçar um novo projeto enquanto treinador principal, no Futebol Profissional, desta feita pela porta do SC Covilhã. Um regresso numa época que fica marcada pela interrupção de todas as competições desportivas em Portugal, em virtude da propagação do COVID-19, à escala mundial.

O técnico que, antes de chegar ao emblema serrano, orientou Estoril Praia, Estrela da Amadora, Vitória FC e SC Olhanense, nas competições profissionais, deixa o desejo de que, em altura de páscoa, “consigamos unir-nos e superar com distinção mais uma fase difícil da nossa vida enquanto nação”, salientando, também, a importância da notícia de que os campeonatos vão chegar ao fim, algo “que serve de estímulo, porque permite ter um objetivo para a realização do trabalho diário”.

 

Como é que Daúto Faquirá olha para o atual panorama nacional, em virtude dos efeitos do COVID-19?

É uma situação nova para toda a gente. Olhando para aquilo que tem sido feito por Governo, autarquias, polícia e entidades de saúde, penso tem sido desenvolvido o melhor trabalho possível para mitigar o impacto desta pandemia.

É incontornável que nós sabíamos de antemão que íamos sofrer com isto, mas penso que a população portuguesa, de uma forma geral, tem sabido respeitar aquilo que tem sido pedido pelas entidades competentes, e isso tem sido importante para amenizar os efeitos.

Olhando para o plano desportivo, penso que neste capítulo podemos falar de um impacto tremendo. No caso do SC Covilhã temos tido algumas reuniões entre direção, equipa técnica e jogadores, de forma a que possamos estar a par das decisões que têm sido tomadas pela Liga, e das práticas que têm sido adotadas a nível internacional, quer pela UEFA, quer pela FIFA.

Tem sido importante para equipa técnica e jogadores, uma vez que nos permite ter uma perspetiva daquilo que irá acontecer, embora, como é óbvio, haja sempre uma variável de imprevisibilidade relativamente a datas de retoma da competição.  

Mas acredito que vamos ultrapassar esta fase com muita solidariedade e civismo, sendo necessário estarmos cientes de que não há como escapar desta realidade e, como tal, temos de a enfrentar da melhor forma possível.

E como é que um treinador de futebol adapta o seu trabalho diário face a uma situação destas?

Não é fácil, mas a adaptação é possível. A nossa maior missão é diminuir ao máximo os impactos desta paragem e isso passa, acima de tudo, por manter a atividade física dos jogadores. É importante atenuarmos também esta “distância” inevitável, algo que temos combatido através de uma espécie de treinos virtuais em que todos participam. Obviamente que não é a mesma coisa, mas esta solução permite, ao mesmo tempo, mantermos o espírito de grupo do plantel, e realizarmos algum controlo daquilo que é o esforço físico de cada um, de forma a que quando for possível retomar o nosso trabalho normal não tenhamos que começar da estaca zero.

Até porque, quanto mais tempo passa, maior será o tempo necessário de forma a que as coisas voltem à sua normalidade. Não há ainda uma data prevista para que as competições sejam retomadas, mas temos uma garantia: este campeonato vai chegar ao fim. Esta é uma certeza que serve de estímulo para nós, porque permite-nos ter um objetivo para a realização do nosso trabalho diário, durante este período de algum “marasmo”.

Como têm os jogadores do SC Covilhã encarado este período?

Há alguma ansiedade, como é normal. No entanto, há um aspeto muito importante que a direção do SC Covilhã já assegurou estar salvaguardado, pelo menos por enquanto, que é o económico. Eles têm todos famílias e são pessoas que têm uma vida para além do futebol, pelo que ter estabilidade neste capítulo é fundamental.

No aspeto desportivo, foi importante a notícia de que os campeonatos vão chegar ao fim. Naturalmente serão necessários alguns ajustes, como qual o tempo de paragem para a época seguir e, ainda, relativamente a questões contratuais, mas essas são situações para as quais o Presidente do SC Covilhã já nos alertou, e creio que a sua resolução passará por alguns ajustes.  Mas há uma garantia que, volto a referir, é muito importante: nós vamos disputar as dez jornadas que faltam e isso reduz alguma ansiedade, que é inerente, a esta situação incómoda que os jogadores atravessam.

Tendo em conta as especificidades deste período, como tem o Daúto ocupado os seus tempos livres?

De momento estou a cozinhar (risos). É algo que gosto de fazer, mas que no decorrer normal de uma época tenho menos possibilidades de realizar. Mas, acima de tudo, tenho aproveitado para estar com a família, tendo também utilizado algum do meu tempo para ver séries na televisão e ler alguns livros relacionados com futebol. Penso que é importante tentarmos amenizar ao máximo o impacto negativo desta situação, aproveitando para tirar o maior proveito do tempo livre que temos nesta fase.

Tem alguma série ou livro que recomende?

Tenho visto várias séries, mas aquela de que sou mesmo fã é a série “Narcos”. Vi também “Breaking Bad”, “Orzak”, “The English Game”, “Peaky Blinders” e agora recomeçou “La Casa de Papel”, pelo que penso que há bastantes alternativas com qualidade para estarmos ocupados e entretidos.

Vou vendo também alguns documentários, mas se tivesse que escolher uma para recomendar seria, como já disse, “Narcos”, derivado à sua qualidade, história e interpretação.

Para terminar, que mensagem gostaria de deixar à nação portuguesa?

Este é provavelmente o momento mais delicado que vivemos ao longo dos últimos 45 anos, enquanto nação. Mas temos de olhar, também, para estes desafios como um momento de reflexão, união e solidariedade, percebendo que há outras coisas que, ao longo de um ano normal, nós não relevamos tanto.

Por fim, é importante ultrapassarmos esta fase com o maior civismo possível, cumprindo ao máximo com as indicações que têm sido transmitidas pelo Governo e pela Direção-Geral de Saúde, desejando, também, que nesta altura de Páscoa consigamos unir-nos e superar com distinção mais uma fase difícil da nossa vida enquanto nação!