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"Um bom relvado influencia a evolução dos atletas"

Liga-te | 05/11/2018

Miguel Bastos, diretor-geral da RED, relevou a contínua consciencialização das SD para a importância de "uma ferramenta potenciadora de jogadores"

Em 1989 que um duo luso-escocês implementou, numa área industrial do concelho da Maia, a RED - Relvados e Equipamentos Desportivos, inicialmente direcionada para o negócio dos relvados naturais. Esse foi, durante alguns anos, o seu corebusiness.

Mais tarde, a administração incluiu os campos sintéticos, projetos paisagísticos, as redes de rega e a própria comercialização de produtos, com assistência pós-venda, na panóplia de serviços.

Com 94 trabalhadores, a RED opera em Portugal Continental e nas ilhas da Madeira e dos Açores, tornando-se numa das “principais empresas do setor”, com um cariz, ainda hoje, “independente e de proximidade”.

“A gerência tem grande importância ao assegurar condições para a estabilidade financeira, os recursos humanos fazem um trabalho de extrema qualidade e a imagem no mercado permite capacidade de atração”, realçou Miguel Bastos, Diretor da RED.

Prova disso mesmo foram os oito prémios empresariais consecutivos arrecadados pela firma em sete anos, nomeadamente três distinções ‘PME Excelência’ em 2010, 2012 e 2017, e cinco ‘PME Líder’ entre 2011 e 2016.

Grão a grão, tufo a tufo, a RED acabou por se dimensionar “sustentadamente”, também através de know-how estrangeiro, com a inscrição em associações internacionais do setor e a participação em seminários formativos e informativos – além de organizar entre portas.

A entrada da empresa no seio do futebol profissional, por via de uma parceria com a Liga Portugal, deu-se no mandato de Fernando Gomes, Presidente da instituição entre 2010 e 2011.

Depois de um hiato subsequente à sua saída e com a chegada de Pedro Proença, em 2015, à presidência do organismo, essa ligação “tem vindo a ser aprofundada”, o que originou “maior interesse” das Sociedades Desportivas (SD) por uma “ferramenta potenciadora de jogadores”.

“Há uma consciencialização superior das pessoas que tomam decisões. Tem claramente crescido e tentamos contribuir, juntamente com a Liga, para melhores condições e maior sensibilização”, frisou Miguel Bastos.

Como tal, e em associação com a RED, a Liga Portugal procedeu à edição do Guia dos Relvados Naturais, distribuído às SD no primeiro ‘Liga-te’, em outubro de 2017, contendo um conjunto de normas e conselhos acerca de necessidades técnicas dos relvados naturais.

Para Miguel Bastos, 32 anos, essa publicação sem precedentes, que terá brevemente uma segunda edição, “ofereceu consciencialização e carinho pelos campos”, pois, anteriormente, “os clubes apenas pensavam em ter jogadores e treinadores”.

Na verdade, destaca, “um bom relvado influencia a evolução dos atletas e faz igualmente parte da estrutura que suporta uma equipa profissional”.

Atualmente, a RED está encarregue da manutenção completa dos terrenos de jogo de FC Porto, SL Benfica, Sporting CP, SC Braga, Portimonense e Boavista FC, este último a partir da atual temporada, fazendo ainda “serviços pontuais” a outras SD.

“SER VIVO IMPREVISÍVEL”

Questionado acerca da atuação da empresa em dias de jogo das equipas principais das SD com as quais trabalham, Miguel Bastos assegurou a existência de “pessoal permanente” nos respetivos estádios, em “constante” avaliação do relvado.

Em cada intervalo das partidas, “reparam danos maiores e gerem a própria rega”, mas a tarefa não culmina nesse momento.

No inerente processo de tratamento e manutenção, estão incluídas análises, sondagens e testes à performance da estrutura gramada.

“Pode estar bonito, mas o importante é saber como se comporta ao longo do jogo. A beleza do relvado nem sempre significa uma boa aplicação”, atentou o responsável, antes de ressalvar que "um relvado é um ser vivo extremamente
imprevisível”.

“A utilização dos campos é igualmente importante, especialmente nos treinos em que se desgastam algumas zonas”, acrescentou. Por esses motivos, dispomos de sistemas de iluminação artificial e de ventilação forçada para um crescimento da relva em condições meteorológicas desfavoráveis.

Além destes instrumentos, a empresa pode também aplicar aquecimento subterrâneo, algo obrigatório nos estádios das equipas da Premier League, por exemplo. Em Portugal, não há necessidade de implementação dado o clima distinto do Reino Unido.

Face à “vizinha” Espanha e à La Liga, e segundo Miguel Bastos, a realidade do futebol profissional luso, tendo em conta o cuidado dos relvados, “não está muito distante”.

“Foram passadas algumas recomendações do guia para o próprio Regulamento de Competições. Estamos num caminho de aproximação” ao país vizinho, afiançou o responsável, ressalvando a importância da centralização dos direitos televisivos para um maior “rigor” nas condições de cada estádio.

Miguel Bastos reconheceu, portanto, que a RED estará sempre “dependente" da capacidade financeira de cada SD, mas “é preciso mais do que isso”.

Todavia, o investimento estrangeiro, principalmente na LEDMAN LigaPro, “tem aumentado”, o que faz com que o “panorama comece a mudar”. Relevou ainda, por fim, o continuar da consciencialização das pessoas e, inclusive, a profissionalização do setor.

“O caminho para a melhoria dos relvados em Portugal é por aí”, salientou.

Reportagem publicada na edição n.º 6 da revista 'LIGA-TE'.